segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Introdução

 
Representação de um escravo malê, de religião
islâmica e alfabetizado.
      A cultura brasileira é um grande conjunto de culturas, que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. É notório que, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: são diferentes etnias, porém, todos falam a mesma língua (o português) e, quase todos, são cristãos, com largo predomínio decatólicos. Esta igualdade linguística e religiosa é um fato raro para um país imenso como o Brasil.

      Embora seja um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indígenas, os africanos, os italianos e os alemães. As influências indígenas e africanas deixaram marcas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de empréstimos à língua portuguesa. É evidente que algumas regiões receberam maior contribuição desses povos: os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algumas regiões do Nordeste têm uma cultura bastante africanizada, sendo que, em outras, principalmente nosertão, há uma intensa e antiga mescla de caracteres lusitanos e indígenas, com menor participação africana.
      A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo..
      Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança,música, religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é aumbanda, uma religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e oespiritismo, incluindo a associação de santos católicos com os orixás.

Cruz e Souza

 
      Cruz e Souza é considerado o maior poeta simbolista do Brasil, suas obras Missal e Broquéis, publicadas em 1893, marcam o início do simbolismo no Brasil.

      Nascido em Santa Catarina, mais precisamente em Florianópolis, no ano de 1861, Cruz e Souza, vindo de uma família de escravos, foi amparado por uma família de aristocratas, assim, ajudado nos estudos, com a morte de seu protetor o poeta abandona os estudos e vai trabalhar na imprensa catarinense, escrevendo crônicas abolicionistas e participando ativamente a favor da causa contra a escravatura em nosso país. Cruz e Souza, vitima de racismo, vai para o Rio de Janeiro, após sofrer uma desilusão amorosa apaixonando-se por uma artista branca casa-se com uma mulher negra chamada Gavita, morre aos 36 anos, devido à tuberculose.
      Cruz e Souza escreveu duas obras intituladas Missal e broqueis, é reconhecido hoje como um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, mas isso veio a acontecer somente após sua morte e devido à colocação entre os maiores poetas simbolistas do mundo pelo francês Roger Bastide,sociólogo estudioso do simbolismo.
      Sua obra poética apresenta muita diversidade e riqueza, de um lado encontram-se aspectos do simbolismo, herdados do romantismo: o culto da noite, pessimismo, certo satanismo, a morte.
Observe essas características no poema intitulado inexorável.

Inexorável (fragmento)


I


Ó meu Amor,que já morreste,
Ó meu Amor,que morta estás!
Lá nessa cova a que desceste,
Ó meu Amor,que já morreste,
Ah! nunca mais florescerás?!
Ao teu esquálido esqueleto,
Que tinha outrora de uma flor
A graça e o encanto do amuleto;
Ao teu esquálido esqueleto
Não voltará novo esplendor?!

Castro Alves

      Antônio Frederico de Castro Alves(1847-1871) sensibilizou-se desde cedo com a questão da escravidão. Aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Direito de Recife, onde suas idéias liberais se consolidaram.

      Transferiu-se posteriormente para a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, cidade onde foi residir com sua amada a atriz Eugênia Câmara.
      Teve o talento reconhecido desde os primeiros poemas. De passagem pelo Rio de Janeiro, Castro Alves foi prestigiado pelos maiores nomes da literatura da época: Machado de Assis e José Alencar. Sua morte precoce foi conseqüência da tuberculose, contraída quando convalescia de um ferimento que o levara a amputar o pé.
      A obra poética de Castro Alves tem como tema central as questões sócias e a escravidão. São versos cheios de indignação, que têm o objetivo de levar os ouvintes (na época os poemas costumavam ser declamados) a compartilhar esse sentimento e a lutar por uma sociedade mas justa. Alguns de seus poemas destacam-se, constituindo verdadeiras obras autônomas, como “Vozes d’África” e “o Navio Negreiro”.
      Castro Alves também escreveu poemas líricos, inspirados na figura feminina, de uma maneira diferente daquela dos poetas da segunda geração. A mulher deixa de ser uma donzela inacessível. Torna-se sensual, concreta, colocando-se eventualmente, ao alcance do eu-lírico, como nestes versos do poema “Durante um temporal”:

“A terra treme... As folhas descaídas
Rangem ao choque rijo do granízo
Como acalenta um coração aflito,
Como é bom teu sorriso!...
Que importa o vendaval, a noite, os euros,
Os trovões predizendo o cataclismo...
Se em ti pensando some-se o universo,
E em ti somente eu cismo...
Tu és minha vida... o ar que aspiro...
Não há tormentas quando estás em calma,
Para mim só há raios em teus olhos,
Procelas em tua alma!”

Sousândrade


      Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade (Guimarães, 9 de julho de 1833 — São Luís, 21 de abril de 1902) foi um escritor e poeta brasileiro.
      Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas.
      Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
      Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA).
      Retornando ao Maranhão, comemora com entusiasmo a Proclamação da República. Em 1890 foi presidente da Intendência Municipal de São Luís. Realizou a reforma do ensino, fundou escolas mistas e idealizou a bandeira do Estado, garantindo que suas cores representassem todas as raças ou etnias que construíram sua história. Foi candidato a senador, em 1890, mas desistiu antes da eleição. No mesmo ano foi presidente da Comissão de preparação do projeto da Constituição Maranhense.
      Morreu em São Luís, abandonado, na miséria e considerado louco. Sua obra foi esquecida durante décadas.
      Resgatada no início da década de 1960, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, revelou-se uma das mais originais e instigantes de todo o nosso Romantismo, precursora das vanguardas históricas[1].
      Em 1877, escreveu:
      "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".

Poema de Sousândrade:
OUVINDO

Ouvindo a voz bela,
Da estrela, os fulgores
Diriam, tremiam
Nos seios do céu:
Seduzem aos sábios
Os lábios que as flores
De um canto d'encanto
Lhes dão, qual o teu.

Alimentação dos escravos

      Nas grandes fazendas a maioria dos escravizados recebia uma cuia de feijão e uma porção de farinha de mandioca ou de milho. Vez por outra recebi também toucinho, rapadura e charque(que conforme a região tinha o mone de carne-seca, carne-de-sol, carne-de-ceará etc).

      De modo geral, a alimentação dos escravizados era pouca e de má qualidade, o que acarretava sérios problemas de saúde e envelhecimento precoce. Muitos eram descritos como tendo 60 anos de idade, quando na verdade tinham entre 35 e 40. O escravo não podia ser simplesmente maltratado, pois custava caro e era a base da economia. Devia comer três vezes ao dia. Geralmente almoçava às 8 horas da manhã, jantava à 1 hora da tarde e ceava por volta de 8 ou 9 horas da noite.
      Os senhores juntavam os restos do dia anterior e davam aos escravos. Alguns deles tinham permissão para pescar, pegar camarão e mariscos, as mulheres cozinhavam como na África, colocavam todos os ingredientes na panela com leite de coco, óleo de palmeira e azeite de dendê.
      Os ingredientes nobres, o preparo requintado e as maneiras européias à mesa aconteciam na casa grande. Enquanto isso, a cozinha negra se desenvolvia na senzala, em tachos de ferro.
      Até hoje os pratos africanos estão presentes em nossa cultura, são saboreados no dia-a-dia e também nas festas populares. Os caldos, extraídos dos alimentos assados, misturados com farinha de mandioca (o pirão) ou com farinha de milho (o angu), são uma herança dos africanos, não deixemos de citar o caruru, o vatapá, o acarajé e a feijoada. Enquanto as melhores carnes iam para a mesa dos senhores, os escravos ficavam com as sobras: pés e orelhas de porco, lingüiça, carne-seca, eram misturados com feijão e cozidos num grande caldeirão.

O acarajé na nossa mesa

Acarajé Brasileiro
      Acarajé é uma especialidade gastronómica da culinária afro-brasileira feita de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frita em azeite-de-dendê. O acarajé pode ser servido com pimenta, camarão seco, vatapá, caruru ou salada, quase todos componentes e pratos típicos da cozinha da Bahia.



      Manuel Querino em A arte culinária na Bahia, de 1916, conta, na primeira descrição etnográfica do acarajé, que "no início, o feijão fradinho era ralado na pedra, de 50 cm de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10 cm de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, na atitude de quem mói, triturava facilmente o milho, o feijão, o arroz".

Falafel árabe
      O acarajé dos Iorubás da África ocidental (Togo, Benin, Nigéria, Camarões) que deu origem ao brasileiro é por sua vez semelhante ao Falafel árabe(é uma comida popular no Oriente médio. Consiste em bolinhos de grão-de-bico fritos, consumidos em pão sírio com homus (pasta de grão de bico), tahine (pasta de gergelim) e salada.) inventado no Oriente Médio. Os árabes levaram essa iguaria para a África nas diversas incursões durante os séculos VII a XIX. As Favas secas e Grão de bico do Falafel foram alternados pelo feijão-fradinho na África.

Receita:
Ingredientes

1 litro de azeite de dendê para fritar
1 colher (sobremesa) de sal
1 dente de alho
1 colher (chá) de gengibre ralado
300 g de cebola em pedaços
1 kg de feijão fradinho quebrado

Camarão para Acarajé:

1 xícara (chá) de caldo de peixe ou de camarão
coentro a gosto
½ xícara (chá) de azeite de dendê
100 g de camarão seco defumado sem cabeça
1 cebola picada em pedaços bem pequenos

A feijoada


      A explicação popular mais difundida sobre a origem da feijoada é a de que os senhores – das fazendas de café, das minas de ouro e dos engenhos de açúcar – forneciam aos escravos os "restos" dos porcos, quando estes eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijão e água, teria feito nascer a receita. Tal versão, contudo, não se sustenta, seja na tradição culinária, seja na mais leve pesquisa histórica. Segundo Carlos Augusto Ditadi, especialista em assuntos culturais e historiador do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, em artigo publicado na revista Gula, de maio de 1998, essa alegada origem da feijoada não passa de lenda contemporânea, nascida do folclore moderno, numa visão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil.


Receita:
Ingredientes


1 kg de feijão preto
1 peça de costelinha de porco
300g de carne de seca
300g de carne de porco defumada
300g de paio
200g de linguiça cabanossi
200g de linguiça calabresa
200g de linguiça temperada com alho
1 cabeça de alho
1 colher de sobremesa de sal
1 colher de chá de pimenta do reino (de preferência moída na hora)
3 ou 4 folhas de louro
3 colheres de sopa de azeite
2 a 3 litros de água

Sugestões de acompnhamento


Arroz simples
Farofa c/ ovos e azeitonas
Couve refogada
Mandioca frita
Laranja
Torresminho
Caipirinha






Modo de preparo


Prepare o feijão: Cate o feijão para retirar pedaços de cascas, pedrinhas e outras sujeiras. Depois lave bem numa peneira e ponha de molho a noite toda numa tigela com água o suficiente para cobrir o feijão e passar mais uns 3 dedos. No dia seguinte quando fôr cozinhá-lo, acrescente mais água se achar necessário. A água deve cobrir o feijão, as carnes e ainda sobrar uns 2 dedos.


Prepare as carnes: Para as linguiças, basta apenas cortá-las em rodelas de +/- 1 a 2cm. No caso do paio, retire antes a casca se estiver grossa. Quanto às carnes, é bom diminuir ao máximo a quantidade de gordura, limpando-as sobre uma tábua com uma faca afiada. Retire toda a gordura que conseguir, pois ao cozinhar a gordura se desmancha deixando a feijoada muito gordurosa.


DICA: A carne seca costuma ter muito sal, portanto é preciso ter cuidado com os temperos. Se preferir, pode dar uma fervida nela antes e jogar a água fora, retirando, assim, o excesso de sal.


Facas com lâminas feitas de cerâmica não enferrujam. São bem mais leves para usar e mantém o sabor natural dos alimentos.


Cozinhe o feijão c/ as carnes: O feijão pode ser cozido em panela de pressão, ou numa panela grande comum.


Panela de pressão: Divida a quantidade em 3 ou 4 partes, dependendo do tamanho da panela. Ponha uma parte do feijão, uma parte da carnes (menos a costelinha) e linguiças, uma folha de louro e acrescente água se fôr necessário. Tampe a panela, segundo as instruções do fabricante, e cozinhe tudo por 20 minutos desde o começo. Comece com fogo algo e no meio do cozimento, quando a panela começar a fazer barulho, abaixe o fogo. Quando estiver pronto, retire a panela do fogo, ponha na pia embaixo da torneira e deixe correr um fio de água fria sobre a tampa. Quando a panela esfriar um pouco e perder a pressão, abra-a com cuidado e vire o feijão cozido com as carnes numa panela maior. Repita essa operação até terminar de cozinhar todo o feijão com as carnes. Na panela maior, junte então as costelinhas e deixe cozinhar até que fiquem macias e o caldo do feijão engrosse.


DICA: Nunca encha a panela de pressão acima da metade, pois caso contrário, quando começará a pegar pressão, o caldo começar a sair pelo furo da tampa da panela e dificultará o cozimento.


Panela comum: Coloque o feijão, as carnes (inclusive a costelinha), as linguiças e as folhas de louro e deixe cozinhar até que fique tudo macio. Vai demorar um pouco mais, mas ficará igualmente saborosa. Se achar necessário acrescente mais água para formar um caldo gostoso e encorpado.


Tempere a feijoada: As carnes irão dar ao feijão um sabor especial e dependendo de seus temperos, pode ser que nem precise adicionar mais sal. Ascrescente a pimenta do reino moída e mexa. Prove o caldinho e avalie se já está bom de sal ou não. Caso precise adicione mais sal aos poucos, sempre provando. O feijão irá dar às carnes uma cor escura por fora, mas mantendo o sabor e acrescentando maciez. Descasque o alho e pique fininho ou esprema. Em uma frigideira pequena, doure-o no azeite e jogue sobre o feijão. Mexa tudo e prove.


DICA: Observe se formou uma camada fina de gordura na superfície. Isso acontece por causa da gordura das carnes que se dissolveram. Com uma escumadeira retire todo o excesso que conseguir para ficar com uma feijoada mais light.

Danças

      Nas danças africanas, o corpo é o principal instrumento de expressão, já que, de acordo com a sabedoria ancestral, é através dele que se manifestam as energias do cosmo e da natureza que se está invocando.

      Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia de sentidos. Nas danças africanas o contato contínuo dos pés nus com a terra é fundamental para absorver as energias que levam ao encontro com a divindade.
      A dança nas sociedades tribais africanas até hoje representa uma força de expressão em todo tipo de festividade, ritual ou cerimônia.
      Considerando a dança tribal como uma das tradições mais antigas do mundo, por ser de origem pré-histórica, este tipo de manifestação teve papel importante no registro história africana. Essas danças eram feitas com o som do batuque como primeiro instrumento que também servia como comunicador ou sinalizador.
      As coreografias eram bastante sincronizadas e harmônicas em sua execução, normalmente as danças eram coletivas e feitas em círculos ou linhas retas ou diagonais.
      Tudo era motivo para ser celebrado ou festejado com danças – a guerra, a caça, a sucessão do trono, o casamento, o nascimento, a cerimônia da circuncisão, o heroísmo, a colheita, a chuva, a morte e as energias da natureza.
      As danças africanas se fazem numa mistura de sons, canções, batuques, ritmos e movimentos tradicionais com um toque de cores, expressões, gingado, espontaneidade e sensualidade dos corpos em movimento rítmico harmonioso

Músicas Brasileiras que tem a presença da África

África Brasil(Zumbi)
Jorge Ben Jor

Angola, Congo, Benguela

Monjolo, Capinda, Nina
Quiloa, Rebolo
Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados em carros de boi
Eu quero ver quando Zumbi chegar
Eu quero ver o que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
Zumbi é senhor das demandas
Quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda
Pois aqui onde estão os homens
Dum lado, cana-de-açúcar
Do outro lado, um imenso cafezal
Ao centro, senhores sentados
Vendo a colheita do algodão branco
Sendo colhidos por mãos negras
Eu quero ver quando Zumbi chegar
Eu quero ver o que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras

Triste Bahia
Caetano Veloso

Triste Bahia, oh, quão dessemelhante…

Estás e estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante
Triste, oh, quão dessemelhante, triste
Pastinha já foi à África
Pastinha já foi à África
Pra mostrar capoeira do Brasil
Eu já vivo tão cansado
De viver aqui na Terra
Minha mãe, eu vou pra lua
Eu mais a minha mulher
Vamos fazer um ranchinho
Tudo feito de sapê, minha mãe eu vou pra lua
E seja o que Deus quiser
Triste, oh, quão dessemelhante
ê, ô, galo canta
O galo cantou, camará
ê, cocorocô, ê cocorocô, camará
ê, vamo-nos embora, ê vamo-nos embora camará
ê, pelo mundo afora, ê pelo mundo afora camará
ê, triste Bahia, ê, triste Bahia, camará
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Afoxé leî, leî, leô…
Bandeira branca, bandeira branca enfiada em pau forte…
O vapor da cachoeira não navega mais no mar…
Triste Recôncavo, oh, quão dessemelhante
Maria pegue o mato é hora…
Arriba a saia e vamo-nos embora…
Pé dentro, pé fora, quem tiver pé pequeno vai embora…
Oh, virgem mãe puríssima…
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Trago no peito a estrela do norte
Bandeira branca enfiada em pau forte…
Bandeira…

Muzenza
Margareth Menezes
Eu, eu peço a Deus que lê benza,

Muzenza...
Que toda luz lê ascenda,
Muzenza...
Que ascenda o chão do terreiro,
Reduto de guerrilheiros onde Ahôn vem dançar,
Muzenza...

Eeeeeee...

Eu, eu peço a Deus que lê benza,
Muzenza...
Que toda luz lê ascenda,
Muzenza...
Que ascenda o chão do terreiro,
Reduto de guerrilheiros onde Ahôn vem dançar.


O negro no cativeiro,
Da terra mãe foi embora
Andou por aí sem paradeiro,
Lutou como luta até agora
Para ver se ainda encontra seu lugar
Foi deixado pelo mundo a fora
De fora, de fora...
É por isso que o negro chora
E chora...

É...

Mas o Muzenza não vai mais chora...
Muzenza...

Eu, eu peço a Deus que lê benza,
Muzenza...
Que toda luz lê ascenda,
Muzenza...
Que ascenda o chão do terreiro,
Reduto de guerrilheiros onde Ahôn vem dançar


O negro no cativeiro,
Da terra mãe foi embora
Andou por aí sem paradeiro,
Lutou como luta até agora
Para ver se ainda encontra seu lugar
Foi deixado pelo mundo a fora
De fora, de fora...
É por isso que o negro chora
E chora...


Mas o Muzenza não vai mais chora...
Muzenza...

Mas o Muzenza não vai mais chora...
Muzenza...

Mas o Muzenza não vai mais chora...

Eu, eu peço a Deus que lê benza,
Muzenza...
Que toda luz lê ascenda,
Muzenza...
Que ascenda o chão do terreiro,
Reduto de guerrilheiros onde Ahôn vem dançar
Muzenza...


Eu, eu peço a Deus que lê benza,
Muzenza...
Que toda luz lê ascenda,
Muzenza...
Que ascenda o chão do terreiro,
Reduto de guerrilheiros onde Ahôn vem dançar...

Virginia Rodrigues

      Virgínia Rodrigues foi descoberta por Caetano Veloso durante um ensaio do Bando de Teatro Olodum, em Salvador, em 1997. Depois de anos cantando em coros de igrejas católicas e protestantes, ela havia sido convidada pelo diretor Márcio Meireles para participar da peça Bye Bye Pelô, onde Caetano a viu pela primeira vez. De origem humilde, Virgínia traz referências populares e líricas do que ouviu na infância e juventude. O resultado é que seu canto vagueia entre o erudito e o popular. Sua música tem influência de música clássica, samba e jazz,ao mesmo tempo que suas letras têm referências a entes do candomblé e umbanda. Suas apresentações de músicas como Juízo Final de Nelson Cavaquinho e Canto de Xangô da dupla Baden e Vinícius, com Naná Vasconcelos foram notáveis.
      O primeiro disco foi produzido por Celso Fonseca e teve arranjos de Eduardo Souto Neto. As músicas foram escolhidas por Virgínia, Caetano e Celso Fonseca, e inclui canções como Noite de Temporal, de Dorival Caymmi, além das participações de Djavan, Gilberto Gil e Milton Nascimento. Sol Negro foi bem recebido nos Estados Unidos e na Europa, tendo, inclusive, sido elogiado nos jornais The New York Times, Le Monde e na revista Rolling Stone. A ex-manicure saída de uma favela de Salvador realizou, em um ano, duas turnês pelos Estados Unidos, shows na Europa e foi entrevistada por David Byrne, ao vivo, na televisão americana. Nos Estados Unidos, Europa e Japão, o primeiro disco de Virgínia saiu pela gravadora Rykodisc, de propriedade de Cris Blackwell, o mesmo que popularizou nomes como Bob Marley, Peter Tosh e U2. Em seu novo álbum, Nós, Virgínia homenageia os blocos afro de Salvador. Seu canto primoroso e sofisticado entoa músicas do Ilê Aiyê, Olodum, Timbalada, Ara Ketu e Afreketê. O The New York Times já a definiu como "uma das mais impressionantes cantoras que surgiu do Brasil nos últimos anos

Jorge Ben Jor

      Jorge Duílio Lima Meneses (Rio de Janeiro, 22 de março de 1942), conhecido como Jorge Ben e atualmente Jorge Ben Jor é um guitarrista, cantor e compositor popular brasileiro. Seu estilo característico possui diversos elementos, entre eles: rock and roll, samba, samba rock (termo que gosta de usar),[4] bossa nova, jazz, maracatu, funk, ska e até mesmo hip hop, com letras que misturam humor e sátira, além de temas esotéricos.
      A música de Jorge Ben tem uma importância singular para a música brasileira, por incorporar elementos novos no suingue e na maneira de tocar violão, com características do rock, soul e funk norte-americanos. Além disso, influência árabes e africanas, oriundas de sua mãe, nascida na Etiópia.[4]
      Influenciou o sambalanço e foi regravado e homenageado por inúmeros expoentes das novas gerações da música brasileira, como Mundo Livre S/A ("Samba Esquema Noise") e Belô Velloso, em "Amante Amado".
      Carioca de Madureira, mas criado no Rio Comprido, Jorge Ben queria ser jogador de futebol e chegou a integrar o time infanto-juvenil do Flamengo. Mas acabou seguindo o caminho da música, presente em sua vida desde criança. Ganhou seu primeiro pandeiro aos treze anos de idade e, dois anos depois, já cantava no coro de igreja. Também participava como tocador de pandeiro em blocos de carnaval. Aos dezoito, ganhou um violão de sua mãe e começou a se apresentar em festas e boates, tocando bossa nova e rock and roll. É conhecido como Babulina, por conta da pronúncia do rockabilly Bop-A-Lena de Ronnie Self (apelido que Tim Maia tinha pelo mesmo motivo).
      Seu ritmo híbrido lhe trouxe alguns problemas no início, quando a música brasileira estava dividida entre a Jovem Guarda e o samba tradicional, de letras engajadas. Ao passar a ter interesse pela música, o artista vivenciou uma época na qual a bossa nova predominava no mundo. A exemplo da maioria dos músicos de então, ele foi inicialmente influenciado por João Gilberto, mas desde o início foi bastante inovador.

Solano Trindade

Solano Trindade (Recife, 24 de julho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1974) foi um poeta brasileiro, folclorista, pintor, ator, teatrólogo e cineasta.

Filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade, foi operário, comerciário e colaborou na imprensa.

No ano de 1934 idealizou o I Congresso Afro-Brasileiro no Recife, Pernambuco, e participou em 1936 do II Congresso Afro-Brasileiro em Salvador, Bahia.

Mudou-se para o Rio de Janeiro, nos anos 40 e logo depois para a São Paulo, onde passou a maior parte de sua vida no convívio de artistas e intelectuais. Participou de um grupo de artistas plásticos com Sakai de Embu onde integrou na produção artística a cultura negra e tradições afro-descendentes. O poeta foi homenageado com o nome em uma escola e uma rua na região central do município.

Trabalhou no filme A Hora e a Vez de Augusto Matraga de Roberto Santos [1]

Poema de Solano Trindade
SOU NEGRO

A Dione Silva

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh'alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...

sábado, 11 de setembro de 2010

Registro de fotos- Forte São Marcelo(descontração)

Saudando a princesa

Entrada do Forte.
Ahhhhhhh!!!Socorrooooooo!!!
Desembarque no forte. Os cabelos voando!!!
Festa com a família real!!!UHUUUUU!!!!
A caminho do forte
Que sacrificio para tirar uma foto!!! Meu Deus!!!
Enquanto estavamos esperando, aproveitamos para tirar uma fotinha!!! 
Padre vindo de Portugal. AMÉMMMMMMM!!!!!

Chegada da família real no Forte São Marcelo.